Para o cidadão ocidental é quase senso comum que a educação é o caminho para a superação de todo e qualquer problema que venha a afligir a humanidade. Até certo ponto, isso não deixa de ser verdade: foi graças aos diferentes modelos de educação que o ser humano acumulou um patrimônio cultural que possibilitou a conquista do mundo natural e o desenvolvimento de inúmeras tecnologias, que facilitaram enormemente a vida nas sociedades. Nas últimas décadas do século XX, com a eclosão de diversos problemas ambientais, fez-se necessária a criação da chamada Educação Ambiental, que prometia reaproximar homem e natureza e, assim, deter o desastre ambiental que já se apresentava Bom, já passadas quase cinco décadas desde a criação, pela UNESCO, do Programa Internacional de Educação Ambiental, o resultado não nos parece muito animador, já que os problemas ambientais só crescem e, agora, as mudanças climáticas, a poluição e a escassez de recursos naturais começam a atingir níveis notáveis para os cidadãos comuns. Sendo assim, acredito que é chegada a hora de uma análise realmente critica de nosso modelo de educação, algo que, a meu ver, só poderia ser feito se superarmos nosso modo humanista de enxergar o mundo. Não se trata aqui de atirar tomates podres em um dos principais pilares da civilização ocidental (o humanismo), mas de procurar formas de reaproximar nossa formação da realidade do mundo natural, que nos serve de abrigo e nos alimenta. Entretanto, pode ser que isso não mais nos seja possível, haja vista que, no seio do mundo cultural criado pelo homem, foi gerado um sujeito a-histórico, a técnica, que caminha rapidamente rumo à autonomia e ao domínio total Sendo assim, faz-se necessário que esse ingrediente até então ignorado pelos programas educacionais (inclusive a Educação Ambiental), seja agora adicionado ao caldeirão onde tem sido preparado o elixir educacional que pretende salvar o planeta da doença ambiental Muito do que é abordado neste livro tem potencial para enfurecer filósofos e educadores humanistas, mas o autor prefere correr esse risco e apresentar diversos alertas que podem colaborar com a luta pela nossa sobrevivência, a qual deve acontecer num planeta cada vez mais inóspito à vida humana.